Transtorno de Ansiedade Generalizada, um diagnóstico negligenciado
- Carioca Offices - Redação

- 20 de mai.
- 3 min de leitura

A ansiedade é uma vivência experimentada por todos nós, um sentimento tipicamente humano e necessário para a sobrevivência e a adaptação do indivíduo ao seu meio. Estudos revelam que tanto um baixo nível de ansiedade quanto um alto nível de ansiedade prejudicam a funcionalidade do ser humano, havendo, portanto, uma medida intermediária que nos leva ao nosso pleno desempenho das tarefas cotidianas. Quando há ansiedade excessiva com sofrimento significativo, persistindo por no mínimo 6 meses, podemos estar diante do diagnóstico de um Transtorno de Ansiedade.
Os transtornos de ansiedade constituem um dos mais prevalentes transtornos mentais no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, acometendo cerca de 3,6% da população mundial. Ainda segundo a OMS, o Brasil é o país com o maior número de casos no mundo: 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população. Um estudo realizado em São Paulo em 2012 demonstrou que quase 20% da população apresentou algum transtorno de ansiedade nos últimos 12 meses.
Os transtornos de ansiedade representam um grupo de diagnósticos psiquiátricos, cujas características englobam sinais e sintomas físicos e psíquicos, como preocupação exagerada, dificuldade de concentração, alterações do sono, tensão muscular, apreensão, insegurança, dores, fadiga, irritabilidade, palpitação, dificuldade para respirar, náusea, tremores, dormências, formigamentos, suor frio, ondas de calor. Tal quadro clínico causa sofrimento intenso que pode levar à piora da funcionalidade em geral, com prejuízo do desempenho profissional, acadêmico, social e familiar.
Existem alguns tipos de transtornos de ansiedade, como o Transtorno de Pânico, o Transtorno de Ansiedade Social, o Transtorno de Ansiedade Generalizada, ou mesmo transtorno de ansiedade induzido por uso de substâncias, e outros. Frequentemente apontado como o mais comum desse grupo, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) se diferencia dos demais pela apreensão relacionada às diversas esferas da vida, e não somente a um aspecto específico como, por exemplo, o Transtorno de Ansiedade Social em que o sofrimento se concentra no medo da exposição social.
Apesar da alta prevalência do TAG na população, estima-se que somente cerca de um terço dos que sofrem do transtorno busque ajuda profissional. Muitas pessoas convivem com os
sintomas por anos, acreditando fazerem parte de sua personalidade, o que dificulta a procura por ajuda especializada. Comumente, os transtornos de ansiedade estão associados a outros diagnósticos como Depressão ou Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, porém, mesmo naqueles pacientes que já estão em acompanhamento médico devido a essas comorbidades, o diagnóstico do TAG pode ser ignorado, comprometendo o sucesso do tratamento. Estressores ambientais, predisposição genética, alterações hormonais ou uso de substâncias como o álcool e a cafeína representam fatores de risco para o TAG. Em mulheres, possivelmente devido a questões hormonais e socioculturais, o transtorno é duas vezes mais frequente do que em homens. O curso é geralmente crônico, com períodos de melhora e de recaída, impactando negativamente a vida pessoal, social e profissional do indivíduo.
O tratamento do TAG envolve psicoterapia, que pode ser suficiente para a melhora de casos mais leves ou até moderados, e a combinação com o tratamento medicamentoso em casos mais graves.
Apesar de dispormos de opções terapêuticas eficazes, muitos não recebem tratamento adequado devido à falta de informação ou à banalização do sofrimento mental, podendo acarretar grave incapacidade em todas as esferas da vida.
Promover a conscientização sobre os transtornos de ansiedade, tanto entre a população em geral como entre profissionais de saúde, é essencial para combater a invisibilização deste diagnóstico, possibilitando que aqueles que carregam silenciosamente intenso sofrimento psíquico tenham acesso ao apoio necessário, visando ao resgate de sua qualidade de vida e à recuperação de seu pleno desempenho funcional.
Por Dra. Cristina Dias - Médica Psiquiatra - CRM:52-85094-2
Contato: (21) 99985-8504





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