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Entrevista com Cleide Gonçalves

  • Foto do escritor: Carioca Offices - Redação
    Carioca Offices - Redação
  • 14 de dez.
  • 3 min de leitura
Cleide Gonçalves, a entrevistada da edição. É uma mulher madura de pele negra e cabelos claros. Está sorrindo, usa óculos e jaleco branco para atendimento.

Quando os pés contam o que as palavras não dizem.


Há quem diga que os pés carregam não só o corpo, mas também as marcas invisíveis da alma. Cleide Gonçalves, graduada em Podologia e Psicologia, com formação na abordagem Gestalt e pós-graduada em Saúde Mental, é uma dessas profissionais raras que aprenderam a escutar o que o paciente não diz e o que os pés, com precisão, denunciam. Ela tem feito da sua sala no 9º andar do prédio do Carioca Offices, um espaço onde ciência e sensibilidade caminham lado a lado.


Ao longo dos anos, ela consolidou uma carreira reconhecida por sua ética e pela confiança que inspira em quem a procura. Mas não se acomodou. Em vez de estacionar em uma zona de conforto profissional, decidiu atravessar um novo campo do conhecimento: “A psicologia era um sonho antigo, adiado pela vida, pelas responsabilidades e pelas escolhas naturais de quem empreende cedo. Mas nunca foi abandonado. E quanto mais eu atendia, mais percebia que era necessário olhar além da pele”.


O ponto de virada veio quando ela passou a lidar com pacientes com quadros avançados de diabetes. Conhecida por sua ação silenciosa e progressiva, a doença impõe ao corpo marcas visíveis como: rachaduras, infecções e perda de sensibilidade nos pés, mas também impõe abalos emocionais profundos.

“Eles chegam carregando mais do que sintomas. Muitos escondem os pés por vergonha. Outros se calam com medo da amputação. Há uma dor emocional imensa que precisa ser ouvida.”

Ela explica que, entre os sinais mais frequentes de risco em pés diabéticos, estão o ressecamento, rachaduras no calcanhar, perda de sensibilidade, unhas encravadas e micoses persistentes. Pessoas com diabetes podem não sentir dor mesmo em feridas graves. É aí que mora o perigo. A orientação é simples, mas fundamental: nunca se automedique, nem recorra a pedicures leigas quando se trata de pés diabéticos. A limpeza, a escolha dos produtos, o corte das unhas e a hidratação precisam ser feitos com técnica e segurança. “Prefira sempre um podólogo habilitado, com especialização na área, e mantenha acompanhamento médico constante.


Cleide Gonçalves folheando um livro

Foi aí que decidiu: ouvir bem não bastava. E era preciso se qualificar para compreender o que está por trás da dor, do descuido e até da resistência ao tratamento. A Psicologia, então, deixou de ser desejo e virou caminho. Ao se especializar na abordagem gestáltica, ela encontrou coerência com aquilo que já praticava de forma intuitiva.



A escolha por voltar à universidade após uma carreira bem-sucedida não foi um recomeço, mas uma ampliação. “O conhecimento não anula o que veio antes. Ele soma. E isso me fortalece como profissional e como mulher.” Cleide hoje atende com um repertório mais sensível, oferecendo escuta, prevenção e, acima de tudo, dignidade.

“O cuidado com os pés é um cuidado com o caminhar. E ninguém caminha bem com autoestima ferida.”

Ela reconhece que a podologia ainda é subestimada.

Muita gente ainda associa a podologia apenas como embelezamento. Mas a podologia séria salva vidas. Um corte mal-feito pode virar uma infecção. Um olhar desatento pode custar um membro”. Por isso, defende a educação do paciente, o trabalho integrado com outros profissionais e o cuidado como base de tudo. Cleide comentou que sua formação em Psicologia, ampliou sua escuta e aprofundou sua orientação clínica.


“A podologia me ensinou a cuidar com precisão. A psicologia me ensinou a compreender antes de agir. Juntas, elas formam uma prática mais humana e eficaz.”

Ao unir duas áreas do conhecimento, Cleide amplia a potência do seu consultório: um espaço onde saúde física e emocional se encontram, e se cuidam. “Não basta tratar os pés. É preciso tratar a pessoa inteira. Só assim ela volta a caminhar com firmeza.”


Cleide Gonçalves

Podologista e Psicóloga - Sala 919

@cleide_goncalves_podologa


Este artigo é parte integrante da Edição 004 da Revista Carioca Offices Connect

Leia na íntegra: CLIQUE AQUI!


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